Após pesquisas nos litorais brasileiros, uma nova espécie do ‘camarão corrupto’ foi descoberta e distinguida daquela habitante dos Estados Unidos. O estudo aponta diferenças na composição estrutural entre as amostras, coletadas em praias e museus internacionais.
Além do mais, a apuração descreveu a existência de duas novas espécies do animal ainda não nomeadas. Porém, segundo o biólogo chileno Patrício Hernáez, responsável pela observação, não foi possível analisar o material encontrado na Venezuela.
O crustáceo é encontrado com muita dificuldade nas praias brasileiras, deixando aparente apenas um pequeno buraco na areia. Com isso, os pescadores usam bombas de sucção caseiras para capturá-lo.
Inicialmente, o animal marinho Callichirus major foi constatado em 1881, no estado da Flórida, nos Estados Unidos. Assim, o mesmo nome era utilizado para identificar todas as espécies nacionais. Entretanto, de acordo com as pesquisas do biólogo Sérgio de Almeida Rodrigues, o camarão encontrado no Brasil apresenta diferenças do classificado em território americano.
O apelido é devido a época da ditadura militar, quando os crimes de corrupção eram abundantes e secretos, o que dificultava o impedimento dos mesmos. Dessa forma, se estabelece o mesmo com os camarões, que são numerosos, mas custam a serem capturados.
Um novo estudo foi realizado pelo biólogo marinho chileno Patrício Hernáez, baseado no Instituto de Biociências da Unesp, com atuação majoritária nas praias de Santos e São Vicente, onde o animal é coletado para servir de isca de pesca.
O pesquisador se aventurou em três expedições em praias do Brasil a fim de destacar as distinções entre as espécies. Dessa maneira, ele coletou mais de mil amostras de crustáceos durante quatro anos de exploração.
O biólogo brasileiro percebeu as disparidades, mas o resultado não foi publicado, invalidando a pesquisa. Com as novas análises do biólogo chileno, foi permitido descrever as características do animal encontrado no litoral brasileiro, presentes nos dois gêneros existentes.
Sendo assim, eles compararam a genética das amostras brasileiras com as americanas, apontando as diferenças na região anterior da cabeça do camarão e a existência de dois pares de antenas.
Anteriormente, quatro espécies distintas do gênero Callichirus eram conceituadas no mundo. As localidades estavam distribuídas entre a costa do estado americano da Flórida, no Panamá, no Golfo do México e na costa brasileira. Desse modo, a nova espécie Callichirus corruptus foi identificada como a predominante no solo brasileiro, especificamente no litoral do Pará ao de Santa Catarina. Assim, os animais presentes no Golfo do México e Panamá precisam ser descritos biologicamente.
O camarão corrupto desenvolve um importante papel ecológico, sendo responsável pelo ciclo de matéria orgânica disponível na areia. Segundo o biólogo, as praias de Santos em específico, compartilham de uma carga elevada de matéria orgânica, o que atrai o surgimento do animal.
Além disso, cavam túneis e galerias sob a areia, promovendo a reciclagem de nutrientes e a conservação do habitat para outros animais marinhos, através da função natural de limpeza do camarão.