Estudo sobre o camarão corrupto encerra debate científico de 40 anos

Após pesquisas nos litorais brasileiros, uma nova espécie do ‘camarão corrupto’ foi descoberta e distinguida daquela habitante dos Estados Unidos. O estudo aponta diferenças na composição estrutural entre as amostras, coletadas em praias e museus internacionais.
Publicado em Ciência dia 2/12/2022 por Alan Corrêa

Após pesquisas nos litorais brasileiros, uma nova espécie do ‘camarão corrupto’ foi descoberta e distinguida daquela habitante dos Estados Unidos. O estudo aponta diferenças na composição estrutural entre as amostras, coletadas em praias e museus internacionais.

Além do mais, a apuração descreveu a existência de duas novas espécies do animal ainda não nomeadas. Porém, segundo o biólogo chileno Patrício Hernáez, responsável pela observação, não foi possível analisar o material encontrado na Venezuela.

O camarão corrupto

Pesquisadores do Câmpus do Litoral Paulista encerram debate científico de quase 40 anos ao mostrarem que o agora chamado Callichirus corruptus é diferente de crustáceos descritos há dois séculos no hemisfério Norte. Levantamento encontrou também outras três novas espécies desses artrópodes na costa brasileira.
Pesquisadores do Câmpus do Litoral Paulista encerram debate científico de quase 40 anos ao mostrarem que o agora chamado Callichirus corruptus é diferente de crustáceos descritos há dois séculos no hemisfério Norte. Levantamento encontrou também outras três novas espécies desses artrópodes na costa brasileira.

O crustáceo é encontrado com muita dificuldade nas praias brasileiras, deixando aparente apenas um pequeno buraco na areia. Com isso, os pescadores usam bombas de sucção caseiras para capturá-lo.

Inicialmente, o animal marinho Callichirus major foi constatado em 1881, no estado da Flórida, nos Estados Unidos. Assim, o mesmo nome era utilizado para identificar todas as espécies nacionais. Entretanto, de acordo com as pesquisas do biólogo Sérgio de Almeida Rodrigues, o camarão encontrado no Brasil apresenta diferenças do classificado em território americano.

O apelido é devido a época da ditadura militar, quando os crimes de corrupção eram abundantes e secretos, o que dificultava o impedimento dos mesmos. Dessa forma, se estabelece o mesmo com os camarões, que são numerosos, mas custam a serem capturados.

O estudo

Um novo estudo foi realizado pelo biólogo marinho chileno Patrício Hernáez, baseado no Instituto de Biociências da Unesp, com atuação majoritária nas praias de Santos e São Vicente, onde o animal é coletado para servir de isca de pesca.

O pesquisador se aventurou em três expedições em praias do Brasil a fim de destacar as distinções entre as espécies. Dessa maneira, ele coletou mais de mil amostras de crustáceos durante quatro anos de exploração.

Quais são as diferenças entre as espécies?

O biólogo brasileiro percebeu as disparidades, mas o resultado não foi publicado, invalidando a pesquisa. Com as novas análises do biólogo chileno, foi permitido descrever as características do animal encontrado no litoral brasileiro, presentes nos dois gêneros existentes.

Sendo assim, eles compararam a genética das amostras brasileiras com as americanas, apontando as diferenças na região anterior da cabeça do camarão e a existência de dois pares de antenas.

Qual é a nova identificação do animal?

Anteriormente, quatro espécies distintas do gênero Callichirus eram conceituadas no mundo. As localidades estavam distribuídas entre a costa do estado americano da Flórida, no Panamá, no Golfo do México e na costa brasileira. Desse modo, a nova espécie Callichirus corruptus foi identificada como a predominante no solo brasileiro, especificamente no litoral do Pará ao de Santa Catarina. Assim, os animais presentes no Golfo do México e Panamá precisam ser descritos biologicamente.

Qual a importância dele para o meio ambiente?

O camarão corrupto desenvolve um importante papel ecológico, sendo responsável pelo ciclo de matéria orgânica disponível na areia. Segundo o biólogo, as praias de Santos em específico, compartilham de uma carga elevada de matéria orgânica, o que atrai o surgimento do animal.

Além disso, cavam túneis e galerias sob a areia, promovendo a reciclagem de nutrientes e a conservação do habitat para outros animais marinhos, através da função natural de limpeza do camarão.

*Com informações da UNESP, Wikipédia e G1.