Estudo do Google mostra que vai faltar profissionais de TI no Brasil

Em um relatório divulgado nesta quarta-feira (31), o Google revelou os principais desafios enfrentados pelo mercado de Tecnologia da Informação (TI) no Brasil. De acordo com a empresa, o país enfrentará um déficit de 530 mil profissionais na área até 2025
Publicado em Trabalho dia 31/05/2023 por Alan Corrêa

Em um relatório divulgado nesta quarta-feira (31), o Google revelou os principais desafios enfrentados pelo mercado de Tecnologia da Informação (TI) no Brasil. De acordo com a empresa, o país enfrentará um déficit de 530 mil profissionais na área até 2025.

Produzido em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), o estudo destaca que cerca de 53 mil profissionais se formarão entre 2021 e 2025. No entanto, a demanda por novos talentos no mesmo período será de 800 mil, conforme apontado pela associação das empresas de tecnologia, a Brasscom.

O levantamento também revela que 92% das startups participantes acreditam que há escassez de profissionais de tecnologia no Brasil, o que impacta negativamente a inovação de seus negócios e pode até ameaçar a sobrevivência das empresas. Apesar de um certo desaquecimento do mercado de TI, as vagas de emprego no setor continuam em evidência.

O Google ouviu startups, executivos e profissionais do setor, que listaram os principais motivos que contribuem para a escassez de mão de obra qualificada na área. Alguns dos fatores identificados incluem:

Segundo o estudo, as áreas com maiores déficits globais de talentos incluem segurança da informação, inteligência artificial, arquitetura de nuvem e organização de T.I. Automação, respectivamente.

Os principais desafios

Além da escassez expressiva de profissionais qualificados para suprir a demanda crescente, o estudo também identificou outros dois desafios no mercado de tecnologia: a falta de profissionais em níveis sênior e a homogeneidade do talento no setor.

No que se refere à senioridade, a pesquisa revelou que há uma lacuna ainda maior de profissionais experientes e altamente especializados. Dos participantes do estudo, 65% acreditam que faltam profissionais capacitados para enfrentar, de maneira independente, as necessidades e desafios diários enfrentados pelas startups. Além disso, 84% das startups entrevistadas consideram que o mercado brasileiro não está desenvolvendo o número necessário de profissionais sênior.

Quanto à homogeneidade do mercado de talentos, constatou-se que o setor de tecnologia no Brasil é caracterizado por uma concentração significativa de profissionais na região sudeste, com 43% apenas no estado de São Paulo. Além das barreiras regionais, grupos politicamente minorizados, como mulheres e pessoas negras, enfrentam ainda mais obstáculos ao longo de suas trajetórias, o que acaba desestimulando sua participação no mercado de tecnologia. Do total de entrevistados no relatório, 50% consideram o mercado de tecnologia brasileiro como sendo totalmente ou muito homogêneo em relação à raça, classe, religião e gênero, enquanto apenas 15% o veem como totalmente diverso.

Além desses desafios, a fuga de talentos também é uma questão importante. Profissionais especializados buscam constantemente melhores oportunidades e salários, muitas vezes fora do país. Isso ocorre devido à falta de estrutura e referências no setor, o que gera descrença nas possibilidades de carreira e desvaloriza o mercado de tecnologia brasileiro, tornando-o menos atraente para profissionais estabelecidos ou recém-formados. De acordo com o relatório, 73% concordam que existem condições mais atrativas internacionalmente, esvaziando o mercado nacional. Além disso, 60% afirmam que a remuneração no mercado brasileiro não é competitiva em comparação com outros mercados internacionais.

O relatório não se limita a identificar as lacunas existentes, mas também propõe reflexões sobre possíveis caminhos a seguir no curto, médio e longo prazo, visando soluções duradouras que contribuam para o pleno desenvolvimento do potencial do mercado de startups no Brasil.

*Com informações do Google, Techdoido e G1.