A imagem clássica do cachorro como o melhor amigo do homem não se aplica a todas as raças. No Brasil, diversas legislações estaduais e municipais impõem restrições — e até proibições — à posse de cães considerados potencialmente perigosos. A decisão não é baseada em preconceito, mas em evidências de comportamento, histórico de ataques e falta de estrutura para manejo especializado.
Pontos Principais:
Entre os principais alvos dessas normas está o Staffordshire Terrier Americano. Com aparência semelhante à do pit bull, ele é robusto, forte e requer socialização intensa desde filhote. Em 2024, um ataque resultou na amputação do braço de uma idosa. O caso levantou alertas sobre a necessidade de controle rigoroso. Essa raça pode ser barrada até mesmo na entrada em portos e aeroportos.

O Presa Canário, por sua vez, é uma das raças mais intimidadoras. Criado para guardar propriedades e controlar gado, tem histórico de comportamento agressivo. No Brasil, é regulado por decretos em estados como Pernambuco e Paraná. Um ataque fatal nos EUA, em 2001, desencadeou uma série de restrições ao redor do mundo — inclusive por aqui.

Já o Tosa Inu, originário do Japão, foi desenvolvido para combates entre cães. Com porte gigante e temperamento imprevisível, a raça é proibida em diversos países. No Brasil, embora não exista proibição federal, há portarias que impõem regras específicas como uso obrigatório de focinheira, microchip e restrições à reprodução.

O híbrido Wolfdog, mistura entre cão doméstico e lobo, representa um desafio à legislação. Como possui genes de animal selvagem, sua criação pode ser enquadrada como crime ambiental de acordo com a Lei nº 9.605/98. Autoridades brasileiras não regulamentam diretamente sua posse, mas a desaconselham fortemente, especialmente em áreas urbanas.

O Dogo Argentino também integra a lista de raças com restrição severa. Criado originalmente para caça, tem força e instinto que podem ser perigosos em ambientes urbanos. Estados como São Paulo e Minas Gerais exigem equipamentos de contenção, registro e controle reprodutivo. Em 2024, um ataque envolvendo um Dogo e um pitbull causou comoção nacional.
Essas medidas não visam demonizar as raças, mas garantir que animais com grande potencial ofensivo sejam mantidos sob responsabilidade total dos tutores. Criadores e donos devem comprovar capacidade técnica, manter vacinas em dia, investir em adestramento e respeitar exigências como focinheira e chipagem.
O ponto mais crítico, segundo especialistas em comportamento animal, é a falta de preparo por parte dos tutores. Animais com força e impulsos acentuados requerem um ambiente controlado, estímulo constante e presença de adestradores qualificados. A ausência dessas condições pode resultar em tragédias evitáveis.
A sociedade também precisa estar ciente de que, mesmo com adestramento, certas raças mantêm instintos difíceis de suprimir. Por isso, sua criação deve ser tratada com seriedade e consciência legal. Mais do que afeto, esses cães precisam de gestão especializada e estrutura.
No Brasil, a tendência atual é não banir completamente as raças, mas estabelecer protocolos rigorosos de posse responsável. Isso inclui laudos veterinários, registros específicos e, principalmente, educação dos tutores sobre os riscos e cuidados necessários.
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