Pode parecer que a enxaqueca refere-se apenas a uma dor de cabeça, mas não é.
Ela é bem mais complexa do que pensamos, essa doença pode apresentar além de dor de cabeça latejante, linhas claras em zigue-zague pelo seu campo de visão, sensibilidade à luz, fadiga persistente e sono interrompido.
Embora a forte dor de cabeça seja um dos sintomas mais comuns da enxaqueca, há uma grande variedade de outros sintomas que a enxaqueca realmente pode causar. E por isso, usar o termo “dor de cabeça” para descrever a enxaqueca pode não ser apropriado, até porque cada caso é diferente, e alguns nem envolvem dor de cabeça.
Há muita coisa sobre a enxaqueca que ainda não sabemos. Mas a princípio a enxaqueca é uma doença neurológica que afeta várias partes do cérebro: o tronco encefálico, os hemisférios cerebrais e os nervos.
As mulheres são mais afetadas do que os homens, acredita-se que alterações hormonais contribuem para isso. É até possível notar que após a menopausa, algumas mulheres relatam baixa frequência da enxaqueca, isso porque após esse período os hormônios sexuais diminuem. Mas por outro lado, antes da menopausa, essas alterações aumentam, e é aí que novas ou piores dores de cabeça podem aparecer.
Alguns sinais de alerta aparecem dias e horas antes da enxaqueca, como por exemplo, fadiga, mudanças de humor, bocejo excessivo, interrupção do sono, náusea, sensibilidade à luz e ao som e até sede elevada. Esses sinais apontam para uma parte específica do cérebro: o hipotálamo.
O hipotálamo fica na base do cérebro, e é onde se encontram numerosos centros do sistema nervoso simpático e parassimpático (reguladores do sono, do apetite, da temperatura corporal etc.). Ele fica mais ativo que o normal nos dias antecedentes à enxaqueca.
Algumas mudanças visuais temporárias, como formigamento ou dificuldades na fala, se caracterizam como uma enxaqueca com aura. Acontece que, quando ocorre uma mudança de carga nas membranas celulares, também ocorre mudanças na atividade cerebral e no fluxo sanguíneo do cérebro, e dependendo da área afetada pode causar diferentes sintomas de aura. Por exemplo, se alcançar o córtex visual, uma imagem ou um ponto cego podem aparecer no campo de visão.
Quando pequenas atividades, como tossir, inclinar-se, a luz e o som, tornam-se dolorosas, é sinal que a enxaqueca te pegou. Pois durante a enxaqueca, quando ativado o nervo trigêmeo, que é responsável por transmitir os sinais de dor, essa via de dor fica mais sensível, ou seja, o limiar de dor é reduzido. E é aí onde a dor de cabeça é assimilada a enxaqueca, porque o nervo trigêmeo normalmente transmite sensações como toque e temperatura da pele na maior parte do rosto, do couro cabeludo e a alguns vasos sanguíneos e camadas que cobrem o córtex cerebral.
É quase inexplicável o que acontece no cérebro com essa doença complexa, mas uma coisa é certa: a enxaqueca é muito mais que uma dor de cabeça. Até porque, pessoas com enxaqueca são mais propensas a sofrer de depressão, síndrome do pânico, distúrbios do sono, derrames, entre outras doenças. É possível que os neurônios das pessoas com enxaqueca sejam mais facilmente provocados por estímulos externos e menos propensos a bloquear sinais de dor.