Duolingo lança 148 cursos com IA, substitui humanos e mira 1 bilhão de usuários no mundo todo

O Duolingo anunciou nesta semana a maior expansão de sua história. A plataforma de aprendizado de idiomas lançou 148 novos cursos, resultado de um projeto acelerado por inteligência artificial. O movimento não apenas amplia significativamente o alcance da ferramenta, como também sinaliza uma mudança profunda na operação da empresa.

Ao mesmo tempo em que diversifica sua base de conteúdos, o Duolingo também comunicou uma transição interna marcada pelo uso prioritário de IA, que afetará diretamente a estrutura de trabalho. A decisão inclui a substituição gradual de prestadores de serviços humanos por sistemas automatizados, gerando impactos no quadro funcional da empresa.

Segundo a direção da companhia, as mudanças não atingem as operações no Brasil, mas revelam um novo direcionamento estratégico global. Com base na filosofia “AI First”, a empresa estabelece a tecnologia como prioridade em processos de produção, contratação e avaliação de desempenho.

Expansão dos cursos

A atualização mais recente da plataforma levou o catálogo de cursos ativos para quase 300. A adição de 148 novos módulos multiplica as possibilidades de estudo e responde a demandas específicas de usuários de diferentes regiões. Com o novo portfólio, idiomas populares como japonês, coreano e mandarim passaram a ser acessíveis a falantes de português, espanhol, francês, alemão e italiano, entre outros.

A abrangência da expansão também impacta países asiáticos. Usuários que falam línguas como vietnamita, indonésio, tailandês, híndi e tâmil passam a ter acesso a cursos de espanhol, francês, italiano, alemão e outras línguas de alta demanda. Antes da reformulação, muitos desses usuários tinham como única opção o curso de inglês em suas línguas nativas.

Os cursos adicionados foram classificados em níveis A1 e A2 segundo o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (CEFR). Além do conteúdo principal, eles incluem funcionalidades como as “Histórias”, voltadas para a compreensão escrita, e o “DuoRádio”, voltado para habilidades auditivas.

Uso de IA na criação de conteúdo

A empresa atribui a agilidade na criação dos cursos ao uso de IA generativa e a um sistema chamado de “conteúdo compartilhado”. Essa abordagem permite o desenvolvimento de um curso-base adaptável a dezenas de idiomas, o que reduz o tempo necessário para a finalização de novos módulos.

De acordo com Jessie Becker, diretora de design de aprendizagem sênior da empresa, a criação de um curso antes levava anos com equipes pequenas. A automação passou a ser aplicada na geração e validação de conteúdos, permitindo que os recursos humanos se concentrem em tarefas mais estratégicas.

O CEO do Duolingo, Luis von Ahn, declarou que a mudança técnica representa uma maneira mais eficiente de escalar a missão da empresa, que é ampliar o acesso à educação linguística. Segundo ele, criar manualmente a quantidade necessária de conteúdo para atender todos os usuários seria inviável sem a adoção da inteligência artificial.

Reestruturação da empresa

A adoção da estratégia “AI First” vai além da produção de conteúdo. O Duolingo anunciou medidas administrativas que incluem o fim gradual de contratos com prestadores de serviço cujas tarefas possam ser executadas por IA. A política vale também para novas contratações, que só ocorrerão se a função não puder ser automatizada.

O CEO afirmou que a iniciativa busca redirecionar os funcionários para atividades criativas, em vez de tarefas repetitivas. A empresa informou ainda que o uso de ferramentas baseadas em IA será um critério nas avaliações de desempenho e nas decisões relacionadas à estrutura das equipes.

Essa estratégia segue tendências semelhantes adotadas por outras empresas de tecnologia. A Shopify, por exemplo, já declarou que só aprova novas contratações mediante justificativa de que a tarefa não pode ser realizada por inteligência artificial.

Impactos e posicionamento

A empresa garante que o Duolingo Brasil não será afetado pelas mudanças. Ainda assim, a reestruturação global levanta discussões sobre o equilíbrio entre eficiência e impacto social, especialmente diante da substituição de mão de obra por sistemas automatizados.

A nova abordagem também coloca em foco o uso da IA na educação. A empresa afirma que, com os investimentos em tecnologia, será possível oferecer experiências mais personalizadas e de maior alcance. A promessa inclui também recursos como chamadas de vídeo com IA, que já começaram a ser testadas em algumas versões do aplicativo.

O Duolingo informou que continuará oferecendo suporte aos colaboradores durante a transição, com treinamentos voltados para o uso de inteligência artificial em suas funções. O objetivo declarado é manter a equipe atualizada para acompanhar o novo ritmo de trabalho que a tecnologia exige.

• Lançamento de 148 novos cursos em menos de 12 meses
• Expansão da oferta para falantes de 28 idiomas
• Foco em japonês, coreano e mandarim para falantes de português e espanhol
• Uso de IA para gerar, validar e adaptar conteúdos
• Reestruturação com prioridade para IA nas contratações e nas operações

Perspectivas para o futuro

Com a adoção da IA como eixo central, o Duolingo planeja adicionar ainda mais conteúdos ao longo de 2025. A empresa indicou que os próximos passos envolvem a inclusão de níveis mais avançados de ensino e novas funcionalidades tecnológicas integradas à experiência do usuário.

O objetivo da empresa é ampliar a escala sem comprometer a padronização de qualidade. Segundo os representantes, mesmo com a automação de processos, todos os cursos passam por validações para garantir que atendam aos critérios educacionais estabelecidos pela companhia.

Os próximos meses devem ser determinantes para observar os efeitos da nova política. Enquanto usuários se beneficiam de mais opções de estudo, o mercado acompanha os desdobramentos internos do uso intenso de IA em estruturas empresariais, especialmente no setor educacional.

Fonte: Olhardigital, Estadao, Tudocelular e UOL.