A Copa do Mundo Feminina de 2023 será realizada na Austrália e na Nova Zelândia, com os jogos ocorrendo entre 20 de julho e 20 de agosto. Será um evento emocionante que reunirá seleções de futebol feminino de todo o mundo para competir nessas duas nações.
A expectativa cresce à medida que se aproximam os dias de abertura na Austrália e na Nova Zelândia para a Copa do Mundo de Futebol Feminino. Junto com o Brasil, outras seleções têm chamado a atenção como fortes concorrentes ao título.
Em 2019, os Estados Unidos eram os favoritos indiscutíveis, contando com a anfitriã França como sua principal rival. Entretanto, para este Mundial atual, as norte-americanas ainda são apontadas como uma grande força, mas agora têm a Inglaterra e a Alemanha como competidores de peso.
A seleção norte-americana, com quatro títulos no currículo (1991, 1999, 2015 e 2019), é vista como uma das principais favoritas a levantar o troféu novamente em 20 de agosto no Estádio Olímpico de Sydney. Porém, o time passa por um período de renovação, com uma mudança de geração.
Este processo de transição é evidente na lista de convocadas para o Mundial. Das 23 jogadoras chamadas pelo técnico Vlatko Andonovski, apenas nove participaram da campanha vitoriosa na França em 2019. Entre as mais experientes, destacam-se nomes como a meio-campista Julie Ertz e as atacantes Alex Morgan e Megan Rapinoe (eleita a melhor jogadora do último Mundial).
Entre as novatas, uma em especial chama atenção: Trinity Rodman. Filha do lendário jogador de basquete Dennis Rodman, conhecido por seu comportamento excêntrico e pelos títulos conquistados no Chicago Bulls sob a liderança de Michael Jordan, a jovem atacante de 21 anos merece ser acompanhada com atenção.
“A seleção norte-americana conquistou a Copa em 2019 e passou por uma mudança de comando. Jill Ellis saiu e entrou Vlatko Andonovski. Com isso, algumas peças mudaram na seleção. Essa renovação ficou mais clara após os Jogos Olímpicos de Tóquio. Mais ou menos nos mesmos moldes da renovação realizada na seleção brasileira, ele começou a trazer jogadoras jovens que vinham se destacando na NWSL [liga profissional de futebol feminino dos EUA], mas ainda manteve uma espinha dorsal do time que foi campeão em 2015 e 2019, e que pode conquistar o inédito tricampeonato”, afirmou a comentarista Amanda Viana, do Planeta Futebol Feminino, durante sua participação no Videocast Copa Delas, da EBC.
Apesar do processo de renovação dos EUA gerar dúvidas quanto ao favoritismo, a Inglaterra é considerada uma força consolidada no cenário atual do futebol feminino. Embora busquem seu primeiro título mundial, as inglesas chegam à Copa do Mundo com alta moral após vencerem pela primeira vez uma edição da Eurocopa feminina em 2022, em uma final contra a poderosa Alemanha.
“A Inglaterra é a grande favorita para vencer esta Copa. É uma seleção com grande potencial, um trabalho de base muito bem feito, que já colhe seus frutos. Um grande equilíbrio entre defesa, meio-campo e ataque, além de goleiras incríveis. Esta pode ser a coroação de um trabalho que vem durando um bom tempo. Um trabalho muito sério. Foi a grande vencedora da Euro e vem muito forte para brigar por este título. A Inglaterra tem as grandes expoentes deste Mundial e tem tudo para ficar com o título”, avaliou a comentarista Isabelle Suarez no Videocast Copa Delas.
Um dos destaques da equipe é a lateral-direita Lucy Bronze. Eleita pela Fifa como a melhor jogadora do mundo em 2020, a experiente jogadora do Barcelona (Espanha) será uma peça importante na equipe comandada pela técnica holandesa Sarina Wigman (que levou a seleção de seu país à final da Copa de 2019). Outra atleta a ser observada é a talentosa meia Keira Walsh, contratada pelo Barcelona junto ao Manchester City (Inglaterra) por 460 mil euros, a maior transação da história do futebol feminino.
Enquanto os Estados Unidos são uma realidade e a Inglaterra é uma potência emergente, a Alemanha busca retomar o protagonismo do passado. Com dois títulos mundiais em sua história (em 2003 e 2007) e a maior vencedora da Euro feminina com oito títulos (o último em 2013), a seleção alemã não vive seu melhor momento nos últimos anos. Nas últimas décadas, os resultados mais expressivos foram o quarto lugar na Copa de 2015 e o vice-campeonato na Eurocopa de 2022.
Esse desejo de retornar aos momentos de glória é enfatizado nas palavras da técnica da equipe, Martina Voss-Tecklenburg, em entrevista ao site da Fifa: “Queremos ser candidatas ao título, ser uma equipe que pode ser campeã mundial […] Essa é uma sensação boa. Acredito que, se todas ficarem em forma, podemos ser um time a ser batido”.
E uma das chaves para o sucesso das alemãs está no ataque, onde a experiente centroavante Alexandra Popp é uma garantia de muitos gols. Aos 32 anos, a jogadora do Wolfsburg (Alemanha) tem como principal arma as finalizações de cabeça, como demonstrou na última Euro, na qual terminou como uma das artilheiras, marcando seis gols.
Uma das equipes com potencial para surpreender nesta Copa é a Austrália. Jogando em casa, a equipe da Oceania certamente terá uma dose extra de motivação para buscar seu primeiro título mundial. Porém, a principal razão para se esperar uma campanha histórica das Matildas tem nome e sobrenome: Sam Kerr.
A jogadora do Chelsea (Inglaterra) e maior artilheira da história da seleção feminina da Austrália é a atacante que toda equipe gostaria de ter: esbanja frieza, tem rapidez de raciocínio e conta com um grande poder de finalização, o que a permite marcar muitos gols, seja de cabeça ou com sua poderosa perna direita. “Sam Kerr é a grande expoente da Austrália. É uma das melhores atacantes do mundo. É, provavelmente, a maior jogadora da história da seleção feminina australiana”, disse Thiago Ferreira, colaborador do Planeta Futebol Feminino, no Videocast Copa Delas.
Outra possível candidata a surpresa neste Mundial é a Espanha. O país vive um momento muito positivo na base, com a recente conquista da Copa do Mundo sub-20. Além disso, o plantel espanhol conta com Alexia Putellas, considerada a melhor jogadora em atividade no momento. A meia-atacante do Barcelona (Espanha) foi premiada nas duas últimas edições tanto com a Bola de Ouro da Revista France Football quanto com o prêmio The Best da Fifa.
Embora não esteja em sua melhor forma devido a uma lesão no ligamento cruzado anterior no joelho esquerdo, Alexia certamente será uma peça importante na equipe comandada pelo técnico Jorge Vilda.
No entanto, outro desafio da Espanha na competição será lidar com conflitos entre o elenco e a federação, que começaram após a última edição da Euro feminina. “Uma situação complicada, que começou após a Eurocopa. A Espanha acabou frustrada, eliminada pela Inglaterra [nas quartas de final]. Na avaliação das jogadoras, um resultado frustrante, pois é uma geração talentosa, talvez a melhor que o país já teve. Na sequência, 15 jogadoras enviaram e-mails para a Federação Espanhola afirmando que não gostariam de ser convocadas para a próxima Data Fifa por questões de saúde mental. Esses e-mails não deveriam ter sido vazados, mas foram. Sendo inclusive divulgados pela própria Federação, que afirmou que não admitiria que as jogadoras quisessem escolher o treinador e pressionar a Federação de qualquer maneira”, avaliou Taís Viviane, do Planeta Futebol Feminino, no Videocast Copa Delas.
Com tantas candidatas ao título, uma coisa é certa: a Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia promete ser uma das mais disputadas e emocionantes da história.
*Com informações da Agência Brasil.