O navio hidroceanográfico (NHo) “Cruzeiro do Sul”, operado pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil, realizou uma parada estratégica no Porto de Belém (PA).
O navio desempenha um papel importante na pesquisa em apoio ao Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira, um programa governamental que visa determinar a extensão da área marítima além das 200 milhas náuticas, onde o Brasil pode exercer direitos de soberania para explorar os recursos naturais do leito e subsolo marinho.
Durante esta missão, o Navio tem a responsabilidade de coletar dados de batimetria, que consiste na medição da profundidade das massas de água, bem como de sísmica rasa, a fim de reforçar a identificação da base do talude, uma região oceânica com inclinação acentuada.
A coleta desses dados é particularmente importante nas regiões do Mega Deslizamento Pará-Maranhão e na Cadeia Norte Brasileira, para caracterizar as feições do fundo e sub-fundo marinho.
“Nessa etapa, nós fizemos, em cerca de 1.600 milhas náuticas [aproximadamente 2.900 quilômetros], esse trabalho de coleta de dados de batimetria, utilizando o ecobatímetro multifeixe EM-122, e de sísmica rasa, utilizando o perfilador de sub-fundo SBP-120, de modo a contribuir com a identificação da base do talude, de forma a auxiliar os pleitos do LEPLAC junto à Comissão de Limites da Plataforma Continental, na ONU. O Navio fez esses trabalhos na margem equatorial brasileira, basicamente na região oceânica adjacente aos estados do Ceará, Maranhão e Pará”, explica o Comandante do NHo “Cruzeiro do Sul”, Capitão de Fragata Claudio Luiz Pereira Batista.
De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, a plataforma continental de um Estado costeiro abrange as áreas submarinas.
Além do seu mar territorial, estendendo-se ao longo do prolongamento natural do seu território terrestre até o bordo exterior da margem continental ou até uma distância de 200 milhas marítimas. Isso inclui tanto o leito quanto o subsolo dessas áreas.
A Organização das Nações Unidas (ONU) possibilita a ampliação dos limites marítimos dos países mediante a apresentação de estudos que comprovem a extensão de sua plataforma continental.
A norma estabelecida visa identificar, a partir da profundidade do oceano e da espessura dos sedimentos, qual é o limite natural de prolongamento da massa continental submersa.
No dia 6 de fevereiro, o Cruzeiro do Sul interrompeu suas atividades no Píer Paulo Irineu Roxo Freitas, que fica localizado na Base de Hidrografia da Marinha em Niterói (RJ). A embarcação fez sua primeira parada no Porto de Fortaleza (CE), onde permaneceu por cinco dias, entre 17 e 22 de fevereiro. Atualmente, o Navio Hidroceanográfico encontra-se na capital paraense e ficará lá até o dia 14 de março, quando partirá para uma nova escala em Fortaleza, depois em Natal (RN) antes de retornar à Base em Niterói no dia 20 de abril.
O Navio conta com uma tripulação de 66 militares, sendo composta por 11 Oficiais e 55 Praças. Além disso, tem a capacidade de acomodar 16 pesquisadores que colaboram com as atividades de pesquisa realizadas a bordo da embarcação durante as expedições marítimas.
O Cruzeiro do Sul mede 65,7 metros de comprimento por 11 metros de largura e possui um calado de 6,5 metros. Sua velocidade máxima é de 9 nós, o equivalente a 16,6 quilômetros por hora. A embarcação é equipada com dois guinchos oceanográficos para águas profundas, dois ecobatímetros e uma estação meteorológica.
*Com informações da Agência Marinha de Notícias.