Como você pode ajudar a salvar as abelhas

Com as abelhas morrendo em um número recorde, cresce a preocupação com nossos sistemas alimentares futuros. Para se ter uma ideia, só no ano de 2017 foram perdidas mais de 40% das colmeias nos EUA. Esse número é ainda mais alto em áreas com invernos rigorosos, onde o índice de perdas sobe para 47% das colmeias em apenas um ano.
Publicado em Animais dia 23/12/2019 por Alan Corrêa

Com as abelhas morrendo em um número recorde, cresce a preocupação com nossos sistemas alimentares futuros. Para se ter uma ideia, só no ano de 2017 foram perdidas mais de 40% das colmeias nos EUA. Esse número é ainda mais alto em áreas com invernos rigorosos, onde o índice de perdas sobe para 47% das colmeias em apenas um ano.

Com isso surge a necessidade de toda a população agir rapidamente para salvarmos as abelhas. E é bem simples, basta instalar colmeias em seus quintais, jardins e telhados.

Ciência cidadã

As abelhas são praticamente produtora de nossos alimentos, tais como: frutas, verduras, nozes, amêndoas crocantes, maçãs ácidas, limões azedos, e até mesmo são responsáveis pela a alimentação do gado, como feno e alfafa.

O declínio dos polinizadores é um grande desafio no mundo moderno. Das 200 mil espécies de polinizadores, as abelhas-de-mel são as mais estudadas. Porém, essas espécies indicadoras estão desaparecendo rapidamente.

As abelhas estão morrendo em número recorde
As abelhas estão morrendo em número recorde

O ecologista Noah Wilson-Rich é especialista em imunologia das abelhas-de-mel. Em uma palestra TEDx, administrada em julho de 2018 ele conta o que devemos fazer para salvar as abelhas.

Noah Wilson-Rich criou o projeto “ciência cidadã”, para esse estudo ele recrutou cientistas cidadãos nos EUA para instalar colmeias, para serem fontes de dados e a partir disse saber sobre os habitats que as abelhas precisam para prosperar.

“Começamos a testar vacinas para abelhas e a analisar probióticos. Chamamos de “iogurte para abelhas” maneiras de tornar as abelhas mais saudáveis. Nosso projeto de ciência cidadã começou a fazer sucesso.” Disse o ecologista.

Onde estão as abelhas saudáveis e prósperas?
Onde estão as abelhas saudáveis e prósperas?

Com isso foi possível criar mapas analisando todas as colmeias da ciência cidadã das pessoas que tinham colmeias em terraços, jardins e telhados comerciais. Quanto mais pessoas instalavam pontos de dados mais precisos ficavam os mapas. Atualmente já são encontradas mais de mil colmeias como pontos de dados por todo o país do EUA, em 18 estados, número que vem só aumentando. Além disso, também com o projeto, foi possível criar empregos remunerados para 65 apicultores, locais próprios para cuidarem das colmeias das comunidades, e que serve para se relacionar com pessoas comuns, que se tornaram pontos de dados.

O que está matando as abelhas?

Os três principais assassinos de abelhas são produtos químicos agrícolas, como pesticidas, herbicidas e fungicidas; as doenças das abelhas, que são muitas; e perda do habitat.

O que está matando as abelhas?
O que está matando as abelhas?

Através do estudo dos mapas feito pelos pontos de instalação das colmeias foi capaz identificar as áreas onde as abelhas prosperam. Diante disso, descobriram que era, principalmente, nas cidades. Os dados mostraram que as colmeias urbanas produzem mais mel do que as rurais e as suburbanas. As colmeias urbanas têm vida mais longa do que as rurais e as suburbanas. As abelhas da cidade têm mais biodiversidade: há mais espécies de abelhas nas áreas urbanas.

Através do estudo, Noah Wilson-Rich investigou quais dos três assassinos de abelhas eram diferentes nas cidades.

Uma abelha campeira visita 10 flores por minuto em busca do pólen e do néctar
Uma abelha campeira visita 10 flores por minuto em busca do pólen e do néctar

“Em parceria com a Harvard School of Public Health, compartilhamos nossos dados, coletamos amostras das colmeias da ciência cidadã em casas e telhados comerciais. Analisamos os níveis de pesticida e achávamos que haveria menos pesticidas nas áreas onde as abelhas prosperavam. Mas não era o caso. Descobrimos em nosso estudo que as barras de cor laranja são em Boston e pensamos que elas indicariam onde haveria os níveis mais baixos de pesticidas. De fato, há mais pesticidas nas cidades. A hipótese dos pesticidas para a salvação das abelhas, menos pesticidas nas cidades, não se confirmou. Isso é muito comum em minha vida de cientista. Sempre que tenho uma hipótese, não só ela não se confirma, como também o contrário é verdade.” Relatou Noah.

Já referente a doença, foi descoberto que no estado da Carolina do Norte, as doenças das abelhas não diferem em áreas urbanas, suburbanas e rurais. Elas estão por toda a parte. De fato, havia mais doenças das abelhas nas cidades.

O DNA do mel, um teste genômico

Para confirmar a questão do habitat, realizaram o teste por genômica, do tipo AncestryDNA ou 23andMe, onde adaptaram para o mel. Era preciso só pegar uma amostra de mel e analisar o DNA das plantas para descobrir qual sua origem.

Uma abelha produz 5 gramas de mel por ano. Para produzir um quilo de mel, as abelhas precisam visitar 5 milhões de flores.
Uma abelha produz 5 gramas de mel por ano. Para produzir um quilo de mel, as abelhas precisam visitar 5 milhões de flores.

“Estamos conhecendo nossos alimentos pela primeira vez e agora podemos informar, se precisarem planejar qualquer cidade, o que é bom para plantar, o que sabemos que as abelhas fazem de bom para seu jardim. Pela primeira vez, para toda comunidade, sabemos agora a resposta.” Relatou o ecologista Noah Wilson-Rich.

Entretanto, o mais interessante foi descoberto nos dados ocultos, existem muitas espécies diferentes de plantas em uma só colher de chá de mel. Há 172 aromas diferentes em uma amostra de mel indiano. O mel de Provincetown passa de 116 plantas na primavera a mais de 200 no verão. E a partir daí foi possível testar a hipótese do habitat.

 Uma colmeia abriga cerca de 50 mil abelhas. Tem uma rainha, alguns zangões e milhares de operárias
Uma colmeia abriga cerca de 50 mil abelhas. Tem uma rainha, alguns zangões e milhares de operárias

Segundo os dados, nas áreas rurais, há 150 plantas, em média, em uma amostra de mel. As áreas suburbanas, não se saíram muito bem, pois têm uma diversidade de plantas muito baixa. As áreas urbanas têm o melhor habitat, há mais de 200 plantas diferentes.

O que fazer para salvar as abelhas

O foco é no habitat das abelhas, como comprovado pelo teste do DNA, é extremamente eficaz, pois, através dos pontos que as pessoas têm instalado das colmeias será possível identificar de que planta o mel vem, e informar às pessoas o que elas devem plantar para restaurar o habitat das abelhas e garantir nosso sistemas alimentares.

A abelha rainha vive até dois anos, enquanto as operárias não duram mais que um mês e meio
A abelha rainha vive até dois anos, enquanto as operárias não duram mais que um mês e meio

Portanto o objetivo é trabalhar juntos e de preferência com os governos, para aumentar ainda mais a chance disso.

Também deve-se pensar no item mais importante, que é os desastres naturais. Nos últimos tempos vem acontecendo ainda mais erosão e tempestades de inverno, que ficam mais violentas a cada ano. No entanto, observando o DNA do mel, pode-se ver quais plantas são boas para polinizadores com raízes profundas, que podem segurar o solo.

Apenas as abelhas fêmeas trabalham. A única missão dos machos é fecundar a rainha. Depois de cumprirem essa missão, eles não são mais aceitos na colmeia. Ficam de fora até morrer de fome
Apenas as abelhas fêmeas trabalham. A única missão dos machos é fecundar a rainha. Depois de cumprirem essa missão, eles não são mais aceitos na colmeia. Ficam de fora até morrer de fome

“Juntos, sabemos o que é salvar as abelhas, plantando habitats diversos. Sabemos como as abelhas irão nos salvar: sendo barômetros da saúde ambiental, sendo código de DNA, fontes de informação, pequenas fábricas de dados suspensas no tempo.” Finalizou Noah Wilson-Rich.