O professor Thiago Braga, autor de Língua Portuguesa do Sistema de Ensino pH, afirma que obras cinematográficas podem ser aliadas dos jovens no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e no vestibular de algumas universidades. Em comemoração ao Dia do Cinema Brasileiro, Braga destacou que tanto a redação quanto a própria prova do Enem costumam abordar questões relacionadas ao repertório sociocultural brasileiro.
O cinema nacional, como uma releitura da realidade brasileira, auxilia os jovens a compreender a sociedade, as complexidades socioeconômicas e as questões sociais, como a pobreza e a miséria. Braga ressaltou que o cinema nacional tem um olhar atento para essas questões. Segundo ele, carregar esse conhecimento para as provas facilita a visão de mundo e o entendimento das questões pelos estudantes, auxiliando na busca da resposta correta. Ele enfatizou a importância cultural e acadêmica do Enem, que possui uma visão social bem definida e se preocupa com as classes menos favorecidas e grupos sociais em situação de vulnerabilidade.
“Como o cinema nacional é uma releitura da nossa realidade, ele ajuda o jovem a entender a realidade brasileira, os meandros socioeconômicos, as questões sociais envolvendo pobreza, miséria. Nosso cinema tem um olhar muito atento para essa questão”, afirmou.
O professor de Cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rafael de Luna Freire, também destacou a contribuição do cinema nacional para uma visão crítica e abrangente da sociedade brasileira, da história do Brasil e do mundo. Luna Freire ressaltou que o cinema é uma forma de registro do cotidiano e da história, e permite que as pessoas tenham acesso a imagens que as transportam para determinados momentos históricos.
No entanto, Luna Freire destacou a dificuldade de acesso a esses filmes, pois nem tudo está disponível na internet para as novas gerações. Apesar disso, ele enfatizou a importância de valorizar o que está disponível e lamentou a perda de material devido à falta de interesse e à negligência na preservação. O professor comemorou o fato de o governo atual permitir que a data dedicada ao cinema brasileiro seja um momento de celebração, ressaltando a importância do cinema como patrimônio coletivo, essencial para a identidade cultural dos brasileiros, pesquisa, criação histórica e estudo.
Thiago Braga mencionou alguns filmes que espelham a realidade brasileira e que são relevantes para os jovens. “Que horas ela volta?”, de Anna Muylaert, aborda as relações entre patrões e empregadas domésticas, refletindo a realidade da maior parte da população brasileira com renda inferior a R$ 3 mil mensais. “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, retrata a realidade das favelas e periferias, abordando a violência urbana e a busca por ascensão social. “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, de Cao Hamburger, trata da ditadura militar pelo olhar de uma criança. Esses filmes proporcionam aos jovens uma compreensão de aspectos históricos e sociais importantes do Brasil.
Outros filmes mencionados incluem “Tropicália”, um documentário que explora o movimento cultural brasileiro dos anos 1960, “Carandiru”, que reflete sobre a situação prisional no Brasil e os direitos humanos, “Bacurau”, que aborda a desigualdade social no país, e “Ilha das Flores”, um curta-metragem que trata da desigualdade social e da desumanização dos mais pobres. Essas obras cinematográficas contribuem para uma visão mais ampla da realidade brasileira e ajudam os jovens a compreenderem questões sociais, históricas e culturais importantes.
O cinema nacional, portanto, revela-se como uma ferramenta valiosa para o aprendizado e a compreensão do repertório sociocultural brasileiro, podendo auxiliar os estudantes no Enem e nos vestibulares, além de promover uma visão crítica e abrangente da sociedade.
*Com informações da Agência Brasil.