Chery erra feio e destrói pedaço de escadaria histórica na China com desafio do Fulwin X3L

O Chery Fulwin X3L tentou repetir o feito lendário da Land Rover na Escada do Céu e acabou provocando um estrago histórico. O SUV perdeu tração, desceu descontrolado e deixou a marca com um prejuízo real, de imagem e de bolso.
Publicado por Alan Correa em Carros e Mundo dia 16/11/2025

O Chery Fulwin X3L virou manchete mundial ao tentar o impossível. A marca colocou seu SUV híbrido para escalar os 999 degraus da Escada do Céu, na China, e viu a manobra se transformar em caos.

O carro perdeu tração, escorregou, danificou o monumento e forçou o fechamento de um dos pontos turísticos mais famosos do país. Para quem assiste de longe, parece um tropeço pontual. Para a indústria, é um alerta sobre marketing arriscado.

A escolha que saiu cara

A aposta da Chery era clara. Repetir o show que o Range Rover Sport entregou em 2018, quando subiu a Escada do Céu com tração impecável e aquele torque que parece colar o carro no solo. Só que a equação da Chery tinha uma variável sensível demais, e ela estourou.

A marca culpa uma corda de segurança que teria enroscado na roda dianteira. Testemunhas dizem que o SUV ficou parado por duas horas após acertar o guarda corpo.

A repercussão foi instantânea. E não pela ousadia, mas pela falta de cálculo.

O poder e o limite da cavalaria elétrica

A ficha do Fulwin X3L impressiona no papel. Motor 1.5 turbo para alimentar as baterias, dois motores elétricos com 422 cv e 51,5 kgfm. Em linha reta, sobra força. Em degraus de inclinação variável, a física muda de figura.

O teste real expôs que potência não resolve tudo quando o carro depende de cabos e pontos de ancoragem.

  • 422 cv combinados
  • 51,5 kgfm de torque
  • REEV com motor gerador 1.5 turbo
  • Dimensões amplas com 2,78 m de entre eixos
  • Tração elétrica dupla

O detalhe que ninguém viu chegando

A Escada do Céu não é apenas íngreme. Ela muda de inclinação no meio da subida. A transição cria uma zona crítica em que o SUV precisa redistribuir peso em milissegundos. Qualquer atraso, qualquer interferência externa, vira catapulta.

A comparação inevitável com a Land Rover

A tentativa da Chery só ganhou escala porque o Range Rover Sport, com menos potência nominal, já havia feito o mesmo desafio com maestria. A JLR executou a subida com meses de planejamento, múltiplos testes e pilotos treinados para lidar com terreno extremo.

A Chery admitiu falhas no planejamento, assumiu o erro e prometeu pagar pelos danos. O público entendeu a mensagem. Ambição sem preparação vira manchete pelos motivos errados.

Quando o marketing atropela a engenharia

A corrida das montadoras chinesas por visibilidade global tem gerado movimentos ousados. Alguns dão certo e constroem reputação. Outros, como esse, expõem os limites de transformar um SUV híbrido em peça de espetáculo.

O incidente servirá como divisor interno nas empresas que apostam em viralizar feitos extremos. Os consumidores, cada vez mais atentos, querem performance real, não acrobacia para câmera. A frase que fica ecoando no setor é simples e incômoda: subir degraus é opcional, cair deles não.

Fonte: AutoEsporte e QuatroRodas.

Alan Correa
Alan Correa
Sou jornalista desde 2014 (MTB: 0075964/SP), com foco em reportagens para jornais, blogs e sites de notícias. Escrevo com apuração rigorosa, clareza e compromisso com a informação. Apaixonado por tecnologia e carros.