A canonização de Carlo Acutis, marcada para este domingo no Vaticano, inaugura um novo capítulo na história da Igreja Católica. Morto em 2006, aos 15 anos, em decorrência de uma leucemia fulminante, o jovem será proclamado santo na primeira cerimônia conduzida pelo papa Leão 14. Trata-se da primeira canonização de um millennial, gesto que a instituição interpreta como aproximação com novas gerações.
A tumba de Acutis, localizada no Santuário da Espoliação em Assis, tornou-se ponto de peregrinação para católicos do mundo todo. Em 2024, o local recebeu 900 mil visitantes, quase o dobro do ano anterior. Fiéis se revezam entre orações silenciosas, lágrimas discretas e gestos de devoção, enquanto turistas e estudantes observam impressionados a exposição de seu corpo.

O visual chama atenção: calça jeans, moletom azul-marinho e tênis Nike. Para preservar a imagem, uma pele de silicone cobre o rosto e as mãos, enquanto os fios de cabelo preto ondulado reforçam o caráter realista. A escolha pela aparência cotidiana reforça o vínculo com jovens que veem em Acutis um exemplo de santidade próxima da vida comum.
Responsáveis pelo santuário ressaltam que não há incorruptibilidade ou técnicas de embalsamamento. O corpo decompõe-se de forma natural, em condições controladas de temperatura e umidade. Para o padre Marco Gaballo, o simbolismo vai além da preservação física: a morte precoce do adolescente é interpretada como um ato de espoliação, em sintonia com o local onde São Francisco renunciou aos bens materiais.
O reconhecimento oficial da Igreja começou em Campo Grande (MS), quando, segundo a instituição, a cura de uma criança de três anos com malformação no pâncreas foi atribuída à intercessão de Acutis em 2013. Esse milagre abriu caminho para a beatificação em 2020. A ligação com o Brasil se fortaleceu a partir desse episódio, multiplicando peregrinações e devoções em paróquias.
Nascido em Londres de pais italianos, Acutis cresceu em Milão, onde recebeu a primeira comunhão e passou a frequentar a missa diariamente. Adepto da tecnologia, tocava saxofone, praticava esportes e passava horas ao computador, criando sites religiosos e catalogando milagres eucarísticos. Esse perfil rendeu-lhe o apelido de “patrono da internet”, usado hoje por devotos que veem nele a ponte entre fé e vida digital.
Assis, cidade de 27 mil habitantes e destino tradicional do turismo religioso, abriga também os túmulos de São Francisco e Santa Clara. Agora, a presença do jovem santo amplia o mapa espiritual local, misturando souvenires de figuras medievais com mochilas estampadas pelo rosto do novo símbolo católico. Para muitos fiéis, Carlo representa um sinal de que a santidade, antes associada ao passado distante, pode se manifestar em trajetórias marcadas por jeans, tênis e tecnologia.
Fonte: Wikipedia, Folha e CNN.
