Câmara vota projeto que pode ampliar número de deputados com base no Censo de 2022

A poucos meses do prazo imposto pelo STF, a Câmara discute projeto que pode elevar o número de deputados de 513 para 527. A proposta, baseada no Censo 2022, favorece estados como Pará e Santa Catarina, que ganhariam quatro cadeiras. O Rio, por outro lado, perderia. Para evitar perda de representação, o texto propõe aumento sem cortes, mantendo o total atual e adicionando apenas novos assentos.
Publicado por Alan Correa em Política dia 5/05/2025

A Câmara dos Deputados se prepara para votar, em regime de urgência, um projeto que pode alterar a composição da Casa após mais de três décadas de estabilidade. A proposta de lei complementar nº 177/2023 pretende atualizar a distribuição de cadeiras com base no Censo Demográfico de 2022, o que resultaria em um aumento de 14 deputados, elevando o total de 513 para 527.

Pontos Principais:

  • Projeto de lei propõe aumentar o número de deputados de 513 para 527.
  • Pará e Santa Catarina seriam os maiores beneficiados, com quatro novos assentos cada.
  • Proposta evita perdas de cadeiras, como ocorreria com o Rio de Janeiro.
  • Se aprovada até junho, a mudança valerá já para as eleições de 2026.

O projeto foi apresentado pela deputada Dani Cunha (União Brasil-RJ), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, em resposta a uma determinação do Supremo Tribunal Federal. Em agosto de 2023, o STF decidiu que o Congresso tem até junho de 2025 para atualizar a representação proporcional dos estados. O Pará foi o estado que provocou o julgamento, alegando sub-representação populacional.

O projeto de lei 177/2023 propõe aumentar de 513 para 527 o número de deputados, com base nos dados do Censo de 2022, para adequar a representatividade dos estados - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O projeto de lei 177/2023 propõe aumentar de 513 para 527 o número de deputados, com base nos dados do Censo de 2022, para adequar a representatividade dos estados – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com base nos dados mais recentes do IBGE, Pará e Santa Catarina seriam os estados mais beneficiados, com quatro cadeiras adicionais cada um. Amazonas ganharia duas, enquanto Ceará, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso receberiam uma a mais. A mudança é reflexo do crescimento populacional regional desde a última atualização em 1993.

Atualmente, São Paulo permanece no teto de 70 deputados, o máximo permitido. Na outra ponta, há doze unidades da federação com o mínimo de oito representantes, entre eles Acre, Amapá, Roraima e Distrito Federal. Essas proporções não refletem mais as mudanças demográficas ocorridas nas últimas décadas.

Apesar de a proposta contemplar o aumento, ela evita a redução no número de parlamentares de estados que perderiam cadeiras, como o Rio de Janeiro, que deixaria de ter quatro. Para contornar o impasse político e regional, o texto propõe apenas a ampliação, e não o reequilíbrio completo, mantendo os 513 atuais e adicionando os 14 extras.

Se o regime de urgência for aprovado, o projeto pode ser votado ainda nesta semana. Caso seja aprovado em tempo hábil, a nova configuração já poderá ser aplicada nas eleições gerais de 2026. O custo extra, apenas com os salários-base dos novos deputados, ultrapassaria os R$ 649 mil mensais.

O tema mobiliza interesses partidários e regionais, principalmente por envolver impacto direto na representação legislativa e distribuição de recursos. A proposta reabre o debate sobre como o poder político deve se adaptar às transformações demográficas do país.

Fonte: Veja e Agenciabrasil.

Alan Correa
Alan Correa
Sou jornalista desde 2014 (MTB: 0075964/SP), com foco em reportagens para jornais, blogs e sites de notícias. Escrevo com apuração rigorosa, clareza e compromisso com a informação. Apaixonado por tecnologia e carros.