De acordo com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, estima-se que o Brasil tenha perdido cerca de 6,7 mil cientistas nos últimos anos, os quais foram buscar continuidade em suas pesquisas no exterior.
Esse êxodo de profissionais da área se deve a diversos fatores complexos, como a falta de investimentos, congelamento de bolsas de pesquisa por nove anos e redução de verbas para manutenção de equipamentos. Essa “fuga de cérebros” tem sido responsável por uma diáspora acadêmica no país e será o tema do próximo episódio do programa Caminhos da Reportagem.

Duília de Mello é uma astrônoma e astrofísica brasileira que se destaca no cenário internacional. Em 1997, ela deixou o Brasil para trabalhar nos Estados Unidos no projeto do telescópio Hubble e nunca mais voltou. Atualmente, ela é vice-reitora da Universidade Católica de Washington DC e colaboradora da NASA. Duília deixou o Brasil depois que as bolsas de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foram cortadas.
“Quando eu saí, eu não sabia que seria definitivo, achei que voltaria, como os meus colegas da minha geração que são astrônomos e estão no Brasil.”
A história da astrônoma brasileira é comum no país, onde muitos talentos acabam deixando o Brasil em busca de melhores oportunidades no exterior. Após concluir seu doutorado no Brasil, ela levou seu conhecimento para fora e agora trabalha nos Estados Unidos.
De acordo com o presidente do CNPq, Ricardo Galvão, o Brasil forma um grande número de cientistas a cada ano, porém a oferta de emprego não acompanha esse crescimento.

“Formamos 24 mil doutores por ano, mas as ofertas de emprego, concursos públicos, etc., não chegam a mil”, afirmou.
Nos últimos anos, o país sofreu com a falta de investimentos em ciência e tecnologia. As universidades federais tiveram cortes no custeio, chegando a faltar verba para pagar água e energia. Além disso, o orçamento destinado para pesquisas científicas sofreu uma redução de 60% entre 2014 e 2022. As bolsas de mestrado e doutorado também não tiveram reajuste por 9 anos, resultando em uma perda de 66,6% quando corrigida pela inflação.
*Com informações da Agência Brasil.
