Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a relação entre Brasil e China alcançou um novo nível após a visita oficial ao país asiático. Durante sua partida do país na manhã de sábado (15), horário local, Lula afirmou que as duas nações estabeleceram vínculos em áreas inéditas, tais como transição energética, mundo digital, educação e cultura.
“Uma coisa importante está acontecendo na relação Brasil-China. É que a gente tá ultrapassando aquela fase das commodities e a gente está entrando em outras necessidades. A gente está entrando na questão digital, nós temos muito a aprender com os chineses, a gente está entrando na questão da cultura”, declarou o presidente pouco antes de embarcar para os Emirados Árabes Unidos.
O presidente disse que sua visita à China não foi impulsionada por objetivos políticos, mas sim pelos benefícios potenciais de investimentos e vantagens para o Brasil, os quais foram fundamentais para a assinatura dos acordos.

“Nós não temos escolhas políticas, escolhas ideológicas, nós temos uma escolha de interesse nacional. O interesse do povo brasileiro, o interesse da indústria nacional, o interesse da nossa soberania e, portanto, eu saio daqui satisfeito”, comentou. “Não precisamos romper e brigar com ninguém para que a gente melhore.”
De acordo com Lula, os 15 acordos firmados têm como objetivo estabelecer uma cooperação entre as universidades do Brasil e da China, além de criar parcerias entre as empresas dos dois países para o desenvolvimento de fontes de energia renovável. Em sua visita à gigante chinesa Huawei na última quinta-feira (13), o presidente discutiu um acordo na área de conectividade que visa garantir o acesso à internet banda larga nas escolas públicas brasileiras.
Lula destacou a importância de ampliar a presença de chineses nas universidades brasileiras e de brasileiros nas universidades chinesas. Ele afirmou que é necessário debater a questão da transição energética e que o Brasil, por ter um enorme potencial de energia limpa em todas as suas formas, pode contar com a ajuda dos chineses. O presidente também ressaltou que as empresas chinesas podem se associar a empresas brasileiras para participar da construção da nova matriz energética.
“É necessário ter mais chineses nas universidades brasileiras e mais brasileiros nas universidades chinesas. É preciso que a gente discuta a questão da transição energética, porque o Brasil é um país que tem um potencial extraordinário de energia limpa em todos os aspectos, e que os chineses podem nos ajudar, e não apenas na construção da nova matriz energética, mas as empresas, eles participarem de associação com empresas brasileiras”, acrescentou Lula.
Em relação aos investimentos em fontes de energia renovável, Lula afirmou que todos os países, independentemente de seu grau de desenvolvimento, devem compreender a importância de preservar o meio ambiente e promover o desenvolvimento sustentável. Para ele, é preciso ter em mente que todos estamos no mesmo barco e, caso ele afunde, ninguém escapará das consequências.
Nesta sexta-feira (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Pequim para assinar 15 acordos comerciais e de parceria com o presidente da China, Xi Jinping. A recepção ocorreu no Grande Palácio do Povo, sede do governo chinês.
Durante a reunião ampliada, os mandatários discutiram temas bilaterais e o diálogo e negociação para encerrar a invasão da Ucrânia pela Rússia. Além disso, eles tiveram um encontro privado e participaram de um jantar em homenagem a Lula, oferecido por Xi Jinping.

Os termos assinados incluem acordos de cooperação espacial, em pesquisa e inovação, economia digital e combate à fome, intercâmbio de conteúdos de comunicação entre os dois países e facilitação de comércio. Entre esses acordos, destaca-se o desenvolvimento do CBERS-6, o sexto de uma linha de satélites construídos na parceria bilateral. O governo brasileiro afirma que a novidade desse modelo é uma tecnologia que permite o monitoramento de biomas como a Floresta Amazônica, mesmo com nuvens.
Durante sua visita à China, o presidente brasileiro, Lula, assinou diversos acordos e tratados bilaterais entre os dois países, abrangendo áreas como energias renováveis, indústria automotiva, agronegócio, tecnologia da informação, saúde, infraestrutura e turismo. Além disso, ele participou de encontros com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji, e com o líder da empresa líder do setor elétrico na China, State Grid, Zhang Zhigang.
Entre os acordos assinados, destacam-se os que tratam da certificação eletrônica para produtos de origem animal e dos requisitos sanitários e de quarentena que devem ser seguidos por frigoríficos para exportação de carne do Brasil para a China. O Brasil é o maior fornecedor de carne bovina para a China, com 60% da produção brasileira vendida para o país asiático.
Além disso, Lula e a comitiva brasileira participaram de uma cerimônia de deposição de flores no monumento aos Heróis do Povo, na Praça da Paz Celestial. A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, com o volume comercializado entre os dois países em 2022 alcançando US$ 150,4 bilhões. A viagem do presidente Lula à China é a quarta visita internacional desde que assumiu seu terceiro mandato.
*Com informações da Agência Brasil.
