Brasil deve bater recorde com geração de energia eólica neste ano

No Brasil, há 890 parques eólicos em operação comercial, instalados em 12 estados, com uma capacidade total de 25,04 GW, beneficiando 108,7 milhões de habitantes. A maioria dos parques eólicos, 85%, está localizada na Região Nordeste. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), até 2028 o país terá 44,78 GW de capacidade instalada desse tipo de energia, cuja participação na matriz nacional atualmente é de 13,2%.
Publicado em Brasil dia 4/04/2023 por Alan Corrêa

No Brasil, há 890 parques eólicos em operação comercial, instalados em 12 estados, com uma capacidade total de 25,04 GW, beneficiando 108,7 milhões de habitantes. A maioria dos parques eólicos, 85%, está localizada na Região Nordeste. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), até 2028 o país terá 44,78 GW de capacidade instalada desse tipo de energia, cuja participação na matriz nacional atualmente é de 13,2%.

A energia eólica já responde por 20% da geração de energia do país e no ano passado, o setor bateu recorde de 4 GW instalados. Para 2023, a presidente executiva da Abeeólica, Elbia Gannoum, espera atingir novo recorde, superando o número de 4 GW. A previsão é de que a capacidade instalada seja de 29 GW, o que representa um investimento superior a R$ 28 bilhões, já que cada gigawatt de eólica instalada custa em média R$ 7 bilhões.

A energia eólica também tem um impacto positivo no desenvolvimento econômico e social das regiões onde é instalada. Um levantamento feito pela Abeeólica mostra que o PIB das cidades nordestinas onde os parques eólicos estão instalados cresceu 21%, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) também cresceu 20% “por causa da chegada dos parques”. Além disso, cada real investido em energia eólica gera um retorno de R$ 2,9 para a economia.

Ranking mundial em capacidade

Torres de geradores de energia eólica no Rio Grande do Norte (Miguel Ângelo/CNI)
Torres de geradores de energia eólica no Rio Grande do Norte (Miguel Ângelo/CNI)

Desde 2021, o Brasil ocupa a sexta posição no ranking mundial em capacidade instalada de energia eólica, o que torna mais difícil para o país ultrapassar os dois primeiros colocados, China e Estados Unidos, de acordo com Elbia, especialista no setor. A China investe quase o equivalente ao Brasil por ano em energia, tornando difícil a tarefa de ultrapassá-la.

De 2011 a 2020, foram investidos US$ 35,8 bilhões no setor eólico, gerando R$ 321 bilhões na economia brasileira, dos quais R$ 110,5 bilhões foram investimentos diretos na construção de parques eólicos. Segundo a Abeeólica, cada megawatt instalado gera 10,7 empregos, resultando em quase 190 mil empregos gerados no setor de 2011 a 2020. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou 130 dos 890 parques instalados no país desde 2005, totalizando 18.654 MW, com R$ 52,170 bilhões concedidos em financiamento. As empresas investiram R$ 94,4 bilhões no período.

Eólicas offshore

A instalação de parques eólicos offshore (no mar) no Brasil está sendo preparada com a criação de uma estrutura regulatória, de acordo com a presidente da Abeeólica. Após a implementação desse aparato regulatório, espera-se realizar leilões de cessão e iniciar os projetos. A intenção é concluir a regulação este ano para realizar os primeiros leilões de cessão do uso do mar. A presidente compara esse processo com o setor de petróleo, onde há leilões de áreas.

Ao contrário das usinas eólicas onshore (em terra), que têm características de vento com destaque na Região Nordeste, os parques offshore têm a presença desse tipo de vento em todo o litoral brasileiro. No entanto, a infraestrutura é determinante, já que as usinas offshore dependem muito de portos e indústrias. Serão necessários portos maiores para abrigar a fabricação das pás, das torres e das naceles eólicas. As naceles são compartimentos instalados no alto das torres que abrigam todo o mecanismo do gerador.

Um estudo divulgado em janeiro deste ano pela Abeeólica identificou o Complexo do Pecém, no Ceará; o Porto do Açu, no estado do Rio de Janeiro; e o Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, como os principais locais do país para infraestrutura dos parques offshore.

Casa dos Ventos

Na segunda-feira, 3 de abril, a Casa dos Ventos recebeu a aprovação de financiamento do BNDES no valor de R$ 907 milhões para a implantação de quatro parques eólicos no Rio Grande do Norte, formando o Complexo Eólico Umari. Com capacidade instalada total de 202,5 MW, os parques estarão localizados em Monte das Gameleiras, São José do Campestre e Serra de São Bento. O investimento total previsto para o projeto é de R$ 1,315 bilhão, e o financiamento do BNDES corresponde a 69% deste valor.

Estima-se que o projeto será capaz de gerar energia suficiente para atender a cerca de 500 mil residências e evitar a emissão de 522 mil toneladas de dióxido de carbono (CO²) por ano, equivalente a plantar cerca de 2,4 milhões de árvores. O Complexo Eólico Umari deve entrar em operação comercial plena em agosto de 2024.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ressaltou a importância da transição energética para uma base limpa, renovável e sustentável, na qual a energia eólica tem um papel fundamental. Ele afirmou que o apoio aos setores eólico e solar ajuda a ampliar a matriz energética limpa do Brasil, que atualmente é de 84%, além de contribuir para o desenvolvimento da indústria nacional de alta tecnologia e geração de empregos. Mercadante também destacou que as aprovações de financiamento do BNDES para usinas eólicas correspondem a 75% da capacidade instalada da fonte no país, enquanto para usinas solares esse índice é de 38%.

*Com informações da Agência Brasil e Associação Brasileira de Energia Eólica.