No Brasil, há 890 parques eólicos em operação comercial, instalados em 12 estados, com uma capacidade total de 25,04 GW, beneficiando 108,7 milhões de habitantes. A maioria dos parques eólicos, 85%, está localizada na Região Nordeste. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), até 2028 o país terá 44,78 GW de capacidade instalada desse tipo de energia, cuja participação na matriz nacional atualmente é de 13,2%.
A energia eólica já responde por 20% da geração de energia do país e no ano passado, o setor bateu recorde de 4 GW instalados. Para 2023, a presidente executiva da Abeeólica, Elbia Gannoum, espera atingir novo recorde, superando o número de 4 GW. A previsão é de que a capacidade instalada seja de 29 GW, o que representa um investimento superior a R$ 28 bilhões, já que cada gigawatt de eólica instalada custa em média R$ 7 bilhões.
A energia eólica também tem um impacto positivo no desenvolvimento econômico e social das regiões onde é instalada. Um levantamento feito pela Abeeólica mostra que o PIB das cidades nordestinas onde os parques eólicos estão instalados cresceu 21%, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) também cresceu 20% “por causa da chegada dos parques”. Além disso, cada real investido em energia eólica gera um retorno de R$ 2,9 para a economia.
Desde 2021, o Brasil ocupa a sexta posição no ranking mundial em capacidade instalada de energia eólica, o que torna mais difícil para o país ultrapassar os dois primeiros colocados, China e Estados Unidos, de acordo com Elbia, especialista no setor. A China investe quase o equivalente ao Brasil por ano em energia, tornando difícil a tarefa de ultrapassá-la.
De 2011 a 2020, foram investidos US$ 35,8 bilhões no setor eólico, gerando R$ 321 bilhões na economia brasileira, dos quais R$ 110,5 bilhões foram investimentos diretos na construção de parques eólicos. Segundo a Abeeólica, cada megawatt instalado gera 10,7 empregos, resultando em quase 190 mil empregos gerados no setor de 2011 a 2020. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou 130 dos 890 parques instalados no país desde 2005, totalizando 18.654 MW, com R$ 52,170 bilhões concedidos em financiamento. As empresas investiram R$ 94,4 bilhões no período.
A instalação de parques eólicos offshore (no mar) no Brasil está sendo preparada com a criação de uma estrutura regulatória, de acordo com a presidente da Abeeólica. Após a implementação desse aparato regulatório, espera-se realizar leilões de cessão e iniciar os projetos. A intenção é concluir a regulação este ano para realizar os primeiros leilões de cessão do uso do mar. A presidente compara esse processo com o setor de petróleo, onde há leilões de áreas.
Ao contrário das usinas eólicas onshore (em terra), que têm características de vento com destaque na Região Nordeste, os parques offshore têm a presença desse tipo de vento em todo o litoral brasileiro. No entanto, a infraestrutura é determinante, já que as usinas offshore dependem muito de portos e indústrias. Serão necessários portos maiores para abrigar a fabricação das pás, das torres e das naceles eólicas. As naceles são compartimentos instalados no alto das torres que abrigam todo o mecanismo do gerador.
Um estudo divulgado em janeiro deste ano pela Abeeólica identificou o Complexo do Pecém, no Ceará; o Porto do Açu, no estado do Rio de Janeiro; e o Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, como os principais locais do país para infraestrutura dos parques offshore.
Na segunda-feira, 3 de abril, a Casa dos Ventos recebeu a aprovação de financiamento do BNDES no valor de R$ 907 milhões para a implantação de quatro parques eólicos no Rio Grande do Norte, formando o Complexo Eólico Umari. Com capacidade instalada total de 202,5 MW, os parques estarão localizados em Monte das Gameleiras, São José do Campestre e Serra de São Bento. O investimento total previsto para o projeto é de R$ 1,315 bilhão, e o financiamento do BNDES corresponde a 69% deste valor.
Estima-se que o projeto será capaz de gerar energia suficiente para atender a cerca de 500 mil residências e evitar a emissão de 522 mil toneladas de dióxido de carbono (CO²) por ano, equivalente a plantar cerca de 2,4 milhões de árvores. O Complexo Eólico Umari deve entrar em operação comercial plena em agosto de 2024.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ressaltou a importância da transição energética para uma base limpa, renovável e sustentável, na qual a energia eólica tem um papel fundamental. Ele afirmou que o apoio aos setores eólico e solar ajuda a ampliar a matriz energética limpa do Brasil, que atualmente é de 84%, além de contribuir para o desenvolvimento da indústria nacional de alta tecnologia e geração de empregos. Mercadante também destacou que as aprovações de financiamento do BNDES para usinas eólicas correspondem a 75% da capacidade instalada da fonte no país, enquanto para usinas solares esse índice é de 38%.
*Com informações da Agência Brasil e Associação Brasileira de Energia Eólica.