O marco para essa promessa foi o voo do protótipo XB1, realizado em fevereiro de 2025 no deserto da Califórnia. A aeronave quebrou a barreira do som três vezes, sem gerar ruído detectável no solo. O feito só foi possível graças ao chamado Boomless Cruise, tecnologia baseada em fenômenos de refração atmosférica que dispersa as ondas de choque antes que cheguem à superfície.
Enquanto o Concorde dependia de acelerar apenas sobre o oceano para evitar reclamações e proibições, o Overture poderá manter velocidades supersônicas sobre terra firme. Isso abre um leque de mais de 600 rotas viáveis no mundo, incluindo conexões continentais como Los Angeles–Nova York, com redução de até 90 minutos no tempo de voo.
O avião será menor e mais leve que o Concorde, com capacidade para 64 a 80 passageiros e alcance de 7.867 km. Sua velocidade máxima será de Mach 1.7, suficiente para reduzir pela metade o tempo de viagem entre Nova York e Londres. O motor exclusivo, chamado Symphony, foi projetado para operar de forma eficiente em velocidades transônicas e supersônicas, podendo utilizar até 100% de combustível sustentável (SAF).
A Boom Supersonic construiu na Carolina do Norte uma fábrica capaz de produzir até 66 aeronaves por ano, e já conta com mais de 130 pedidos de companhias como American Airlines, United Airlines e Japan Airlines. O cronograma prevê o início da construção do primeiro Overture em até 18 meses e o voo inaugural por volta de 2029.
O projeto não ignora desafios. Questões regulatórias, adequação de infraestrutura e treinamento de tripulação estão entre as etapas cruciais antes da operação comercial. Há ainda a concorrência de programas como o X-59 da NASA, que também busca dominar o voo supersônico silencioso.
Para a indústria, o diferencial do Overture está na viabilidade econômica e na sustentabilidade. Com custo estimado de US$ 5 mil por passagem de ida e volta Nova York–Londres — valor semelhante a tarifas executivas atuais —, o modelo se coloca como um produto de nicho, porém competitivo. A promessa de unir alta velocidade, eficiência e silêncio pode definir o próximo capítulo da aviação comercial.
Fonte: Boomsupersonic e Wikipedia.O cenário da aviação supersônica está prestes a mudar com a chegada do Boom Overture, projeto americano que pretende unir velocidade, silêncio e sustentabilidade. O modelo nasce em uma era em que a pressão por eficiência e impacto ambiental reduzido se tornou central, prometendo entregar o que o lendário Concorde não conseguiu: voar sobre áreas habitadas sem provocar o estrondo sônico.
