Nos 4.100 metros de altitude de El Alto, a Bolívia recebe o Brasil nesta terça-feira com ares de decisão. A partida, válida pela última rodada das Eliminatórias Sul-Americanas, coloca frente a frente uma seleção que luta pela repescagem e outra que, mesmo classificada, precisa responder em campo às dúvidas sobre seu desempenho recente.
A memória de 1993 volta com força. Naquele ano, liderados por Marco Etcheverry, os bolivianos impuseram ao Brasil a primeira derrota em Eliminatórias, em La Paz, e pavimentaram caminho para sua última participação em Copas. A lembrança daquela tarde serve de combustível para torcedores e jogadores que sonham repetir o feito histórico.

O estádio Municipal de El Alto será palco do reencontro, com expectativa de 20 mil torcedores empurrando a equipe. A altitude extrema é considerada o 12º jogador boliviano, fator que historicamente já criou dificuldades até para seleções campeãs mundiais. Para a Bolívia, vencer é essencial, mas ainda depende de um tropeço da Venezuela contra a Colômbia para alcançar a repescagem.
Do outro lado, o Brasil desembarcou em Santa Cruz de la Sierra antes de subir para a altitude, numa estratégia de minimizar os efeitos físicos da partida. Sob o comando de Carlo Ancelotti, a Seleção terá novidades na escalação, incluindo Samuel Lino e Luiz Henrique no setor ofensivo. A expectativa é observar como os jovens responderão diante de um ambiente hostil.
A Bolívia chega pressionada pelo histórico recente. Após décadas sem competitividade continental, carrega a frustração de ter perdido espaço no futebol sul-americano. Ídolos da geração de 1993, como Peña e Borja, lamentam a falta de continuidade daquele legado. Ainda assim, veem no confronto contra o Brasil a chance de resgatar o orgulho nacional.
Na torcida boliviana, o jogo é visto como “o da vida”. Muitos associam a possibilidade de classificação à união nacional, como ocorreu nos anos 90. As novas gerações crescem ouvindo histórias do 2 a 0 sobre o Brasil e alimentam o desejo de reviver aquele momento, mesmo que a disputa seja apenas por repescagem.
Para a Seleção Brasileira, a partida é teste de superação. Jogar acima de quatro mil metros exige controle emocional e físico. A meta é encerrar as Eliminatórias com desempenho consistente e dar confiança ao elenco para os próximos desafios rumo à Copa. A Globo, o ge e o SporTV transmitem o jogo ao vivo para todo o Brasil.