Black Founders Fund: conheça os primeiros negócios no Brasil apoiados pelo Google

Ainda sobram 27 empresas até o fim do programa da Google, mas a única certeza que temos é de que mais histórias incríveis como estas irão surgir e novar portas irão se abrir a estas promissoras startups.
Publicado em Negócios dia 1/10/2020 por Alan Corrêa

Empreender no Brasil sendo negro é uma missão extremamente difícil e pouco convencional. Representando mais de 56% da população, 29% dos mesmos são donos de seu próprio negócio, mas ainda assim ver histórias de negros bem-sucedidos ainda são raras.

Pensando em mudar este panorama e ajudar as empresas das minorias a alavancarem, a Google anunciou o Black Founders Fund, um fundo de investimentos que vai ajudar a propagar a diversidade no ramo empresarial em startups lideradas por negros.

O que é o Black Founders Fund?

O Black Founders Fund é um fundo da própria Google no valor de 5 milhões de reais que serão investidos em 30 empresas sendo que três delas já foram escolhidas e receberão o aporte.

Seu objetivo é ampliar a diversidade racial no mundo das startups e apoiar empreendedores negros e negras que estão construindo negócios com altos potenciais para serem alavancados. Também vale lembrar que o Google não comprará uma parcela da empresa com o dinheiro do fundo e tampouco fará um empréstimo, mas sim dará o crédito para que possam alavancar suas startups

Para a empresa ser escolhida, é preciso passar por alguns critérios de avaliação como potencial de crescimento, alinhamento com a visão dos fundadores, utilizar tecnologia e estar buscando uma rodada de investimento. Uma série se benefícios para as empresas selecionadas serão cedidos além do capital.

TrazFavela

Um programa tão especial quanto esse merece também histórias especiais, e uma delas é a história da TrazFavela, uma das três primeiras startups que receberão o aporte do Google.

Iago Santos, morador da periferia de Salvador, costumava pedir ao seu primo para trazer coisas difíceis de serem achadas na região periférica, brincando que o mesmo era o seu delivery, mas em 2016 o primo de Iago veio a falecer.

Foi então que em 2018, dois anos depois da morte do primo, Iago participou da Startup Weekend e mostrou a todos o TrazFavela, um aplicativo que pudesse trazer produtos para as regiões periféricas da capital baiana como também levar para as regiões centrais. O projeto ficou em terceiro lugar e se transformou em realidade.

A primeira encomenda aconteceu quando Iago levou de ônibus 60 acarajés produzidos por uma baiana de uma comunidade vizinha ao centro histórico da cidade, para um evento. Hoje o modelo de negócio é B2B via WhatsApp com cerca de 300 a 500 entregas feitas por mês por 40 entregadores de moto, bicicleta ou carro. Com o aporte do Google, a tendência é crescer ainda mais!

Marcos Silva e Iago Santos, do TrazFavela: ponte entre as comunidades e os centros (foto: divulgação)
Marcos Silva e Iago Santos, do TrazFavela: ponte entre as comunidades e os centros (foto: divulgação)

Creators

A segunda startup selecionada é a Creators, uma plataforma de freelancers que é liderada por Nohoa Arcanjo e Rodrigo Allgayer, ambos atuantes na área publicitária e que perceberam as dificuldades de estar “preso” a uma agência ou a uma empresa.

Com mais de mil contratações geradas e uma geração de 2,5 milhões a Creators já atende 50 empresas, entre elas as gigantes Pernod Ricard, UOL e QuintoAndar.

Nohoa Arcanjo e Rodrigo Allgayer, da Creators: menos atritos entre contratantes e contratados (foto: divulgação)
Nohoa Arcanjo e Rodrigo Allgayer, da Creators: menos atritos entre contratantes e contratados (foto: divulgação)

Afropolitan

Por fim, a terceira empresa que receberá o aporte do Google será a Afropolitan, uma plataforma de e-commerce de produtos de moda e cultura negra que possui negócios nos quatro cantos do mundo.

Em 2018, Thiago Braziel se voluntariou na ONG Educafro, onde participou de uma reunião sobre afroempreendedorismo com o professor Hélio Santos e o investidor negro Hasani Damazio, que se encantou pelo jovem e após uma longa conversa o convidou a assumir a Afropolitan.

Thiago Braziel, do Afropolitan: objetivo é ter 500 marcas nos próximos 18 meses (foto: divulgação)
Thiago Braziel, do Afropolitan: objetivo é ter 500 marcas nos próximos 18 meses (foto: divulgação)

Reunindo centenas de marcas brasileiras, duas colombianas e dezesseis africanas, cerca de 400 produtos são comercializados mensalmente e com investimentos em tecnologia e logística deve ficar ainda mais forte no mercado e tendo tudo para se tornar referência no mercado.

Ainda sobram 27 empresas até o fim do programa da Google, mas a única certeza que temos é de que mais histórias incríveis como estas irão surgir e novar portas irão se abrir a estas promissoras startups.

*Com informações da Forbes e Google.