Uma tensa situação envolvendo a polícia e a comunidade indígena Xokleng se desdobrou na manhã deste domingo (8) em José Boiteux, Santa Catarina, em meio a disputas sobre o fechamento da barragem da região.
Os membros da comunidade Xokleng se opõem ao encerramento da maior estrutura de contenção de cheias no Vale do Itajaí, alegando que isso resultaria na inundação de seu território e no subsequente alagamento de residências em aldeias localizadas em áreas mais baixas.
Vídeos chocantes mostram agentes de segurança disparando bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes, resultando em pelo menos dois feridos, supostamente atingidos por tiros de bala de borracha. Até o momento, não foi possível obter um comentário oficial da Polícia Militar sobre o incidente. Além disso, as imagens mostram manifestantes atacando uma viatura da Defesa Civil de Santa Catarina, onde um engenheiro da secretaria supostamente estava presente.
O conflito se concentra na estrada que dá acesso à central de operação da barragem de José Boiteux. Barricadas e pneus queimados foram usados para tentar impedir o acesso à estrutura. Segundo informações do governo do Estado, o equipamento necessário para o fechamento das comportas está no local, juntamente com a equipe técnica. No entanto, a comunidade indígena afirma que as comportas já foram fechadas, embora ainda não haja confirmação oficial.
Durante todo o sábado (7), o governo do Estado tentou negociar com a comunidade indígena para obter permissão de acesso à barragem, mas não houve consenso imediato. Na mesma noite, o governador Jorginho Mello anunciou o envio do Bope e da cavalaria da Polícia Militar ao local, além da mobilização da Polícia Federal na barragem desde a madrugada.
Uma decisão do plantão da Justiça Federal em Blumenau, na noite de sábado (7), autorizou agentes do Estado a ingressarem na barragem Norte de José Boiteux, que está localizada em território indígena e é palco desse conflito. A União deverá prestar apoio ao Governo de Santa Catarina na operação de fechamento da barragem, que visa reduzir o volume das cheias do Rio Itajaí-Açu.
O juiz responsável destacou a importância de que a operação da barragem respeite orientações técnicas e adote todas as salvaguardas necessárias para proteger todas as partes envolvidas.
Além disso, foram acordadas medidas adicionais para minimizar os danos aos afetados, incluindo a desobstrução e melhoria das estradas, equipe de atendimento de saúde em postos 24 horas, barcos para atendimento da comunidade indígena, ônibus para levar a comunidade até a cidade, fornecimento de água potável na aldeia e distribuição de cestas básicas. As casas que ficarem submersas devido ao fechamento da barragem serão reconstruídas pelo Estado em locais seguros e afastados do nível do rio.
A situação continua tensa em José Boiteux, com as autoridades estaduais, a comunidade indígena e as forças de segurança envolvidas em um impasse sobre o futuro da barragem. Continuaremos acompanhando esse desenvolvimento e atualizaremos com informações adicionais conforme disponíveis.