O fechamento do bar Ministrão, localizado nos Jardins, em São Paulo, expôs uma realidade alarmante sobre a fiscalização de bebidas alcoólicas no estado. A operação conjunta da Polícia Civil e da Vigilância Sanitária encontrou fortes indícios de que o estabelecimento vendia produtos adulterados com metanol, substância altamente tóxica que já causou mortes e deixou vítimas com sequelas irreversíveis.
A ação não se restringiu ao bar de área nobre. Outros três locais — na Mooca, na Vila Mariana e em São Bernardo do Campo — também foram interditados na mesma terça-feira. Em todos os casos, a justificativa oficial foi a ausência de comprovação da procedência das bebidas, fator que amplia a desconfiança dos consumidores e gera insegurança em toda a cadeia do setor.

O episódio ganhou dimensão pública após o depoimento da designer de interiores Rhadarani Domingos, exibido pelo Fantástico, que relatou ter perdido a visão após consumir três caipirinhas de vodca no bar. O relato impactante evidenciou como uma prática criminosa pode se transformar em tragédia pessoal, trazendo o debate para além da esfera sanitária e alcançando a opinião pública.
Autoridades confirmaram que já são 22 casos suspeitos de intoxicação por metanol em São Paulo, dos quais sete foram comprovados em exames laboratoriais. Até agora, cinco pessoas morreram. O secretário da Saúde, Eleuses Paiva, reforçou que apenas uma morte foi diretamente vinculada à ingestão de bebida adulterada, mas destacou a gravidade da situação e o princípio da precaução adotado pelo governo.
Nos Jardins, a movimentação de fiscais e policiais chamou a atenção dos moradores. O maestro João Carlos Martins, figura conhecida que vive próximo ao local, afirmou que a interdição levanta dúvidas sobre a confiança no consumo de destilados. Sua fala resume o sentimento coletivo de insegurança e a necessidade de repensar hábitos de consumo em meio a denúncias crescentes de adulteração.
A operação também atingiu distribuidoras de bebidas na zona sul da capital. Embora não tenha havido determinação de suspensão imediata das vendas, a fiscalização reforça a pressão sobre o setor, que agora enfrenta não apenas a desconfiança do público, mas também a responsabilidade de comprovar a origem e a segurança dos produtos comercializados.
Com a escalada dos casos, cresce a cobrança por punições exemplares. A adulteração com metanol não apenas viola normas sanitárias, mas também caracteriza crime contra a saúde pública, com consequências fatais. O desfecho das investigações poderá definir até que ponto haverá responsabilização dos proprietários e se medidas mais duras serão implementadas no setor de bares e restaurantes.
