Banco Central Avalia o Fim do Crédito Rotativo em Cartões de Crédito

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, anunciou em uma sessão plenária no Senado Federal realizada nesta quinta-feira (10) que a instituição está considerando a eliminação do crédito rotativo em cartões de crédito. O crédito rotativo é conhecido por ser uma das modalidades mais onerosas do mercado, com taxas de juros que chegaram a 437,3% ao ano em junho.
Publicado em Economia dia 10/08/2023 por Alan Corrêa

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, anunciou em uma sessão plenária no Senado Federal realizada nesta quinta-feira (10) que a instituição está considerando a eliminação do crédito rotativo em cartões de crédito. O crédito rotativo é conhecido por ser uma das modalidades mais onerosas do mercado, com taxas de juros que chegaram a 437,3% ao ano em junho.

Durante sua participação, Campos Neto discutiu as decisões de política monetária e estabilidade financeira tomadas pelo BC no semestre anterior. Ele abordou a proposta de encerrar o crédito rotativo, que é um crédito utilizado quando o consumidor paga menos que o valor total da fatura do cartão e tem duração de 30 dias. Após esse período, as instituições financeiras automaticamente parcelam a dívida. Em junho, as taxas de juros para o parcelamento do cartão de crédito atingiram 196,1% ao ano.

O presidente do BC informou que nos próximos 90 dias a instituição deve apresentar uma solução para o “grande problema” relacionado aos cartões de crédito. Uma das soluções consideradas é a eliminação do crédito rotativo, com a dívida sendo automaticamente transferida para um parcelamento com uma taxa de cerca de 9% ao mês.

“Ou seja, extingue-se o rotativo, quem não paga o cartão vai direto para o parcelamento ao redor de 9%. E que a gente crie algum tipo de tarifa para desincentivar esse parcelamento sem juros tão longos. Não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que eles fiquem um pouco mais disciplinados, numa forma bem faseada, para não afetar o consumo”. Campos Neto ressalta que cartão de crédito hoje representa 40% do consumo no Brasil.

Campos Neto também abordou as razões por trás das taxas de juros tão elevadas nos cartões de crédito. Ele destacou que a crescente utilização de parcelamentos de compras em prazos mais longos aumenta o risco do crédito para as instituições financeiras, o que, por sua vez, infla as taxas de juros.

Ele também mencionou o aumento significativo do número de cartões de crédito no Brasil nos últimos anos, juntamente com a facilidade de acesso ao crédito, como fatores que contribuíram para o aumento da inadimplência nessa modalidade. Campos Neto ressaltou que a inadimplência no crédito rotativo atingiu 52%, uma proporção incomum em comparação com outros lugares do mundo.

Outra opção considerada seria estabelecer um limite para as taxas de juros em cartões, mas Campos Neto explicou que isso poderia resultar na retirada de muitos cartões de circulação, especialmente para clientes com maior risco de crédito, afetando negativamente o consumo e o setor varejista.

Além disso, Campos Neto discutiu a condução da política monetária do BC, destacando os esforços para trazer a inflação para níveis mais baixos com o mínimo impacto possível no crescimento econômico e no emprego. Ele também enfatizou a autonomia do Banco Central como um fator crucial para alcançar resultados positivos na economia brasileira.

A redução recente da taxa básica de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) também foi abordada, assim como as projeções de crescimento da economia e a melhoria das avaliações internacionais do Brasil, que foram em parte atribuídas à atuação do Banco Central.

*Com informações da Agência Brasil.