Tentativas de mapear o céu é algo que fascina os seres humanos há milhares de anos, que talvez manterá para sempre.
Os astrônomos vêm mapeando o céu há muito tempo e dizem ser o seu cartão de visita como espécie, na galáxia, para descobrir as coisas. Mas compreender o Universo é uma batalha cruel e variável no tempo.
O estudo das estrelas está há milhares de anos acontecendo, mas desta vez algo extraordinário está para acontecer. A astrofísica Juna Kollmeier está na tentativa de desenvolver mapas 3D mais detalhados do Universo, contendo milhões de estrelas, buracos negros e galáxias em detalhes.
Em uma palestra TED em abril de 2019 ela conta que: “Em sua essência, mapear o céu envolve três elementos essenciais. Há objetos que emitem luz, há telescópios que a coletam, e há instrumentos que nos ajudam a entender o que é essa luz.”
Somente cerca de 100 anos atrás que foi percebido que o Universo é realmente grande, é algo simplesmente infinito, mas o Universo observável é limitado. E para fazer o mapeamento do Universo é preciso um exército de profissionais.
O Sloan Digital Sky Survey (projeto de observação astronômica) é o mais ambicioso levantamento astronômico em andamento na atualidade. O SDSS foi iniciado em 2000 e já está em sua quinta versão, liderado por Juna Kollmeier.
“No SDSS, dividimos o céu em três mapeadores: um para as estrelas, um para os buracos negros e um para as galáxias. Minha pesquisa tem dois hemisférios, 5 ou 11 telescópios, dependendo de como é contado, 10 espectrógrafos e milhões de objetos. É um monstro.” Disse Juna Kollmeier.
A galáxia da Via Láctea tem bilhões de estrelas. No entanto, não dá para mapear todas essas estrelas ainda, é preciso escolher as mais interessantes.
“No SDSS-V, estamos mapeando 6 milhões de estrelas, cuja idade consideramos possível medir. Porque, se podemos medir a idade de uma estrela, é como ter 6 milhões de relógios espalhados por toda a Via Láctea. Com essa informação, podemos desvendar a história e o registro fóssil de nossa galáxia e aprender como ela se formou.” Relatou a astrofísica.
No SDSS também estão realizando uma pesquisa com mais de meio milhão de buracos negros supermassivos, a fim de entender como se formaram. O SDSS usa dois grandes telescópios para fazer todo o trabalho, o Observatório de Apache Point que abriga o telescópio Sloan, no Novo México, e o Observatório Las Campanas, no Chile, abriga o telescópio du Pont de 2,5 m.
No SDSS-V há um novo instrumento sendo usado para tornar os telescópios mais sofisticado, os robôs. São cerca de mil robôs, 500 no plano focal de cada telescópio em cada hemisfério.
Como no Universo diversas estrelas explodem o tempo todo, e buracos negros estão crescendo a cada instante, é necessário um trabalho intenso para mapear as estrelas, por isso é preciso mapear o céu várias vezes.
“No SDSS-V, vamos voltar a cada parte do céu várias vezes para ver como esses objetos mudam com o tempo. Porque essas mudanças no tempo codificam a física e como esses objetos estão crescendo e mudando.” Conta Juna Kollmeier.
É também por essa razão que os mapas 3D levaram um bom tempo para ficarem prontos. Se mantivermos o ritmo de pesquisa, falou Juna Kollmeier, poderemos mapear todas as grandes galáxias do Universo observável até 2060. “Passamos da organização de conchas para a relatividade geral em alguns milhares de anos”, diz ela. “Se esperarmos mais 40, poderemos mapear todas as galáxias.” Finalizou.